O Tribunal de Justiça do Estado do Pará negou pedido de habeas corpus em favor de Robson de Souza Lima e Moises Alves Oliveira, acusados de extorsão mediante sequestro e posse de arma de fogo. Ambos foram presos há uma semana, no dia 17 (quinta), em Parauapebas, por envolvimento no sequestro de duas mulheres e duas crianças, de 10 e 5 anos, no dia anterior, quarta (16).
A decisão do juiz convocado Sérgio Augusto de Andrade negando a soltura de ambos ocorreu no domingo de Páscoa, dia 20. Nesta quarta, a juíza Adriana Karla Diniz Gomes da Costa, titular da 1º Vara Criminal de Parauapebas, onde ambos estão presos, recebeu denúncia contra os dois.
Além dos dois, foram presos Ronaldo Alves Silva, Arthur Antunes Rodrigues Sampaio, Rafael Feitosa e Iury Silva dos Santos, suspeitos de participarem do crime. As vítimas foram mantidas por horas em um cativeiro em Curionópolis, no sudeste do Pará.
A “Operação Nulla Rapta” foi desencadeada por volta das 17h30 do dia 16 com o objetivo de resgatar as vítimas, sequestradas naquela manhã, em Curionópolis. À tarde, os criminosos entraram em contato com o marido de uma das mulheres, pai das crianças, e começaram a exigir o pagamento de R$ 50 mil pelo resgate da família, composta ainda pela sogra do homem. Eles ameaçavam matar as mulheres e as crianças sequestradas.
Quando recebeu a primeira ligação, o pai das crianças passava por Marabá, retornando de uma viagem. Ele chegou a receber um vídeo, em visualização única no WhatsApp, que mostrava a família sentada no chão de uma casa possivelmente abandonada.
O homem então abordou um policial militar e foi encaminhado a uma delegacia da Polícia Civil. Lá, passou a registrar uma ocorrência e informou que o veículo em que as vítimas estavam ao serem sequestradas, um HB20, possuía rastreador.
PRIMEIROS PRESOS
A vítima da extorsão compartilhou com policiais militares a localização do automóvel da família. A partir disso, os policiais localizaram o carro trafegando na Rodovia Transamazônica, na frente da Câmara de Vereadores de Marabá. Ao tentar realizar a abordagem, o motorista, Rafael Feitosa, abandonou o carro e tentou fugir.
Ele foi capturado e informou ter recebido o veículo de Sinval Lima Carvalho Filho, investigado como suspeito do caso. Conforme Rafael, Sinval o contratou para levar o automóvel até o Tocantins.
O homem preso com o veículo afirmou, também, que Iuri dos Santos, motorista por aplicativo em Parauapebas, teria sido o responsável por entregar o carro para Rafael. Iuri foi preso na sequência, no município em que estava.
De acordo com a Polícia Civil, ambos informaram que a família estava sendo mantida sequestrada em uma área rural de Curionópolis, mas sem saber identificar o endereço exato.
VÍTIMAS LIBERTADAS
Com base nessas informações, somadas ao histórico de onde o veículo das vítimas havia passado e com acesso a informações cadastrais de dois números de telefone utilizados pelos sequestradores para contatar o marido, policiais conseguiram identificar um endereço, em Serra Pelada, onde as vítimas poderiam estar sendo mantidas.
Em razão do risco iminente de morte dessas pessoas, as forças policiais decidiram invadir o local. “Foi decidido que seria feita uma tentativa de localização nesta casa porque as ameaças persistiam insistentemente. O companheiro da vítima estava na delegacia e o criminoso falava: “eu sei que você está com a polícia, nós vamos matar a sua família, é melhor você passar o dinheiro, nós só vamos parar de fazer isso quando você repassar esse valor’”, relatou o delegado Leandro Benício, do Departamento de Homicídios, que participou da condução da operação.
As vítimas não estavam no local, mas foram detidos dois suspeitos, Ronaldo e Arthur, que estavam na posse de uma grande quantidade de drogas – cocaína e maconha –, munições e uma arma de uso restrito. Um deles, inclusive, já foi condenado anteriormente por extorsão.
No local, foi identificado que um dos homens estava com um dos telefones utilizados para extorquir a vítima.
Enquanto os policiais estavam no local, uma das vítimas entrou em contato com o companheiro via telefone e informou que a família havia sido deixada pelos bandidos na beira da estrada que dá acesso à Serra Pelada.
Conforme a investigação, ao perceber que alguns comparsas deixaram de se comunicar, os envolvidos no sequestro desconfiaram que eles poderiam ter sido presos e decidiram soltar as mulheres e as crianças.
Dois deles – posteriormente identificados como Moisés e Robson – foram os responsáveis pela soltura das vítimas. Em seguida, eles ainda assaltaram uma motocicleta e fugiram em direção à Parauapebas, onde foram localizados e presos nesta manhã. Nessa ação um tiro chegou a ser disparado.
VALORES FORAM ROUBADOS
De acordo com o delegado Benício, outras pessoas podem estar envolvidas no crime e valores chegaram a ser transferidos das vítimas. Ainda não se sabe quanto foi roubado, mas acredita-se que pelo menos R$ 10 mil.
As vítimas teriam feito diversas tentativas de transferência que foram bloqueadas pelo banco devido serem suspeitas. Após isso, os homens começaram a extorquir o pai das crianças.
O delegado Antonio Mororó, da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), que também atuou no caso, informou que as provas contra os presos são contundentes e incontroversas porque há auto de reconhecimento feito pelas vítimas e semelhanças entre os interrogatórios deles, que se complementam. Além disso, nenhum negou a autoria do crime. “Agora as prisões serão comunicadas ao Poder Judiciário e será representado pela prisão preventiva de todos, inclusive de outros que já foram identificados e que não foram presos até o momento”, finalizou.
Mín. 22° Máx. 32°