Na semana passada, uma publicação do colunista Olavo Dutra, intitulada “PT pode ter candidato próprio ao governo e ameaça o que parece ser céu de brigadeiro de Helder” – movimentou o tabuleiro político no Pará. Em conversa com lideranças da esquerda paraense, que têm acesso a fontes da coordenação nacional da campanha do Lula em São Paulo, descobriu-se muito mais fatos políticos que podem mudar o rumo da campanha para governador no Estado.
OS FATOS COMO ELES SÃO
Aos fatos: Lula tem costurado acordo com os caciques do MDB nacional, principalmente com senadores e ex-senadores, governadores e ex-governadores do Norte e Nordeste. Aqui no Pará, o PT, na pessoa do deputado Beto Faro, se comprometeu em não lançar candidato a governador, o que até agora tem mantido. Em contrapartida, o Helder teria que declarar voto, subir no palanque, pedindo voto na dobradinha Lula-Helder, diferente do que aconteceu em 2018, em que o Helder não declarou apoio ao Haddad, pois tinha na sua coligação partidos expoentes do Bolsonaro. No mês passado, a Executiva nacional MDB oficializou a candidatura da senadora Simone Tebet para presidente da República. De acordo com Baleia Rossi, presidente nacional do partido, o nome de Tebet teve apoio de 90% dos diretórios do partido. Dirigentes da maioria dos diretórios estaduais manifestaram apoio público à pré-candidata, com exceção de Alagoas, Ceará e Paraíba. Essas três unidades da Federação já se posicionaram pelo apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O MDB do Pará, que tem como presidente Jader Barbalho Filho, e o Helder como o único governador do Norte do Brasil, não se manifestaram contra a Simone Tebet; pelo contrário, foi convidado para coordenar a campanha da presidenciável Tebet e que Helder desse seu palanque para a candidatura para o MDB nacional.
PT EM SITUAÇÃO DIFICIL
Helder tem uma coligação enorme, inclusive com dois pré-candidatos ao Senado que não vão fazer campanha para Lula: o ex-prefeito de Ananindeua Manoel Pioneiro e o ex-senador Flexa Ribeiro, agora em um partido que apoia o Bolsonaro. Então, os petistas estão em situação difícil: Lula não terá palanque para chamar de seu no Pará, pois o Beto fechou acordo com Helder sem garantir contrapartida real para que o palanque da reeleição seja franqueado exclusivamente a Lula.
FEDERAÇÃO QUE SE EXPLIQUE
Agora, os dirigentes da nova Federação política, Beto Faro (PT), Jorge Panzera (PCdoB) e Zé Carlos (PV) têm a obrigação de esclarecer para quem Helder vai fazer campanha para presidente e oferecer o seu palanque estadual. Será para Simone Tebet (MDB, PSDB e cidadania)? Para o Lula (PT, PCdoB e PV)? E não vai se opor a que quase a metade da sua coligação faça campanha para Bolsonaro (PP, PTB e Republicanos)? Algumas adesões foram comemoradas durante a semana, como as declarações de apoio da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney, filha do ex-presidente José Sarney; e do senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, além do ex-senador Romero Jucá (RR). Fora do Nordeste, em Estados onde o MDB tem candidatos competitivos, caso de Roraima, Amazonas e Pará, os aliados devem apoiar Tebet, mas manterão uma postura de menor engajamento na campanha nacional para buscar votos tanto de lulistas quanto de bolsonaristas.
BARCO DE BETO VAI A PIQUE?
Resumo da ópera: a notícia da adesão dos Barbalhos à candidatura de Tebet sinaliza que o barco de Beto (da Fetagri) Faro foi, definitivamente, a pique. Sem o palanque para Lula, Beto terá que conviver com a tensão interna por candidato próprio, agora vindo de cima.
Olavo Dutra
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