O Ministério Público do Paraná (MP-PR) anunciou a abertura de uma investigação para apurar as declarações do ex-policial militar Evandro Guedes, fundador da escola preparatória AlfaCon, durante uma aula on-line sobre o crime de violação sexual de mulheres mortas. As declarações, que viralizaram nas redes sociais, foram repudiadas e causaram críticas.
O vídeo em questão foi gravado durante uma aula e mostra Guedes minimizando a gravidade do crime de vilipêndio de cadáver, previsto no Código Penal. O MP-PR afirmou que as imagens serão incluídas em um inquérito civil que já estava em andamento na 12ª Promotoria de Justiça de Cascavel, onde a escola AlfaCon tem sua sede.
O fundador da AlfaCon falava sobre o crime, citando exemplos supostamente fictícios, durante a aula. "Aí você está lá e vem uma menina do Pânico da TV morta. Meu irmão, com aquele 'rabão'. E ela infartou de tanto tomar 'bomba' na porta do necrotério e tu levou lá para dentro. Duas da manhã, não tem ninguém. Você bota a mão, hummm... quentinha ainda. O que você vai fazer? Vai deixar esfriar? Meu irmão, eu assumo o fumo de responder pelo crime", diz ele.
Em determinado momento ele chega a dar orientações de como se deve posicionar o corpo para realizar o ato sexual. E dá dicas de como usar um secador de cabelos caso o corpo comece a esfriar e ficar rígido.
"E ainda avisa o cara que vai te render: cara, deixa que eu vou virar de plantão para você. E é o dia mais feliz da sua vida, irmão. É crime? É. Você mexeu com a honra do cadáver. O sujeito passivo do crime é o familiar da vítima", afirma Guedes.
O vídeo gerou indignação nas redes sociais e foi retirado da plataforma pela AlfaCon, que emitiu uma nota repudiando o conteúdo e se comprometendo a apurar o caso.
A Promotoria já investigava condutas inadequadas de professores da Jafar Sistema de Ensino e Cursos Livres S/A, responsável pelo AlfaCon, em relação a preconceito, discurso de ódio e incitação à prática de crimes. O vídeo em questão será incluído no inquérito civil em andamento.
Evandro Guedes, por sua vez, alega que o exemplo dado durante a aula faz parte de uma ficção jurídica e que não estava defendendo o abuso de mulheres. Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, ele negou ter incitado crimes, afirmando que o perfil responsável pela divulgação não compreendeu a natureza da aula de Direito Penal.
"Defendendo abuso de mulheres? Primeiro que, se ela está morta, ela não é mulher. É um defunto, não é uma pessoa viva. Ela não tem mais personalidade jurídica, porque ela morreu", diz Guedes.
O MP-PR designou uma reunião com os sócios da empresa para janeiro de 2024. O caso continua sendo acompanhado de perto diante da repercussão e da gravidade das declarações.
Mín. 22° Máx. 33°