A prefeita de Canaã, Josemira Gadelha, entregou em mãos, ao secretário adjunto de Meio Ambiente do Pará, Rodolfo Zalutti, um ofício com 11 pedidos de compensações ambientais, sociais e econômicas para a implantação do projeto de extração de cobre Bacaba, da mineradora Vale, que visa dar seguimento às operações da Mina do Sossego.
A entrega foi feita durante audiência pública para discussão do projeto, que contou com a presença de autoridades de Canaã e do Estado, representantes da Vale, da sociedade civil, e da comunidade.
Entre os pedidos feitos pela prefeitura estão a ampliação do sistema de saneamento de Canaã; o apoio da duplicação da PA-160 e na construção do aeroporto; além de ações específicas na Vila Bom Jesus (próxima ao projeto), como construção de unidades habitacionais, reforma e ampliação da Unidade de Saúde e da Escola da localidade.
Também foram pedidos o apoio para o Parque Veredas, a construção de um HUB logístico e apoio para equipar o Hospital Municipal.
“Esse projeto vem para gerar emprego e renda, e somos favoráveis, entretanto, é preciso discutir esses impactos.”, pontuou a prefeita. “Temos um planejamento de desenvolvimento em Canaã, mas temos dificuldade de acompanhar na mesma velocidade da migração gerada”, completou.
“Por isso, estamos aqui para discutir todo o projeto da mineração em Canaã, para garantir qualidade de vida, acolhimento e cuidado à nossa população”. A prefeita ainda ressaltou que, no futuro, será discutida a exaustão da mineração em Canaã, e o município precisa estar preparado.
“Pode ser que não estejamos aqui, mas estamos pensando nas próximas gerações. Não podemos deixar só as crateras, a cidade precisa continuar e isso exige compromisso e responsabilidade de todos nós”.
O presidente da Câmara Municipal, Dinilson José dos Santos, também apontou a preocupação com o passivo da mineração. “Pedíamos que essas compensações sejam voltadas para Canaã, pois há um passivo social e econômico para o nosso povo”.
Para o secretário municipal de Meio Ambiente de Canaã, Marcus Vinícius Brito, a audiência é um exercício de democracia e uma oportunidade para a comunidade apontar o que pode não ter sido detectado pelos estudos. “Ninguém conhece melhor o território do que quem vive nele”. Já o secretário estadual adjunto de Meio Ambiente definiu a escuta como “fundamental para o processo de licenciamento”.
Marcus Vinícius: Ninguém conhece melhor um local que quem vive nele
Cobranças
Entre a população presente participante, as principais preocupações demonstradas foram em relação à migração em massa, impactos ambientais, geração de emprego para a população local e segurança dos moradores da Vila Bom Jesus, próxima ao projeto.
População participou em peso da audiência pública (Foto: Diego Barbosa)
O secretário de Planejamento de Canaã, Geam Meirey, usou a palavra para questionar os investimentos sociais apresentados pela Vale, na ordem de R$ 500 milhões.
“A questão ambiental é uma preocupação, mas temos leis rígidas que se fazem cumprir, o que mais me preocupa é o passivo social. Só a prefeitura do município está investindo meio bilhão em educação, devido as demandas que vem surgindo”, apontou.
Geam Meirey destacou que município investe meio bilhão em educação (Foto: Diego Barbosa)
Representando o ICMBio Carajás, a analista ambiental Roberta Queiroz apontou a preocupação com as compensações sobre os possíveis impactos do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, e com projetos de combate à queimadas e incêndios.
Representante dos moradores da Vila Bom Jesus, Isaac Barbosa dos Santos afirmou que a comunidade já sofre impactos da mineração do Sossego, e será novamente impactada pelo Bacaba.
As questões levantadas serão levadas à discussão interna pelos representantes da Vale, assim como consideradas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente para a análise da licença.
Sobre o projeto
Durante a audiência, representantes da Vale apresentaram detalhes sobre o projeto, que tem expectativa de investir mais de U$ 500 milhões, com a possibilidade de estender a estrutura operacional já existente, do projeto Sossego, por oito anos, e capacidade de extração de 70 milhões de toneladas de cobre por ano.
“Para nós é importante dialogar com a sociedade para avançar nesse processo de licenciamento. Estamos aqui para dialogar, ouvir e contribuir com essa parceria.”, destacou o gerente de Desenvolvimento de Projetos da Vale, Rodrigo Garrocho.
A audiência contou ainda com a participação do promotor de Canaã, Emerson Oliveira, secretários municipais, representantes de empresas e associações.
Com informações da Ascom/PMCC
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