Os vereadores da Câmara Municipal de Marabá deverão votar, ainda nesta semana, o Projeto de Lei de Nº 28, em que o prefeito Tião Miranda pede autorização do Poder Legislativo para contrair mais um empréstimo junto ao Banco do Brasil. O valor é de R$ 40 milhões para seu último ano de governo (2024).
O pedido de empréstimo chega menos de sete meses depois de Tião ter feito outro empréstimo, de R$ 70 milhões. Ou seja, caso esse novo empréstimo aconteça, Marabá terá contraído uma dívida de R$ 110 milhões em menos de um ano.
Quem tem memória privilegiada vai lembrar que o mesmo prefeito Tião Miranda pegou em banco a maior parte do empréstimo iniciado por João Salame no valor de R$ 52 milhões. Com isso, a dívida do município chega perto dos R$ 150 milhões.
Com esses três empréstimos, Tião Miranda fica na contramão de sua própria história de eficiência fiscal, pois se orgulhava no passado de deixar o cargo de prefeito com dinheiro em caixa. Agora, vai sair e deixar uma dívida milionária a ser paga.
O dilema dos empréstimos milionários do prefeito Tião Miranda tem encontrado eco na Câmara Municipal, onde vereadores se dividem sobre o endividamento da máquina pública.
CLAMOR DO POVO
Enquanto Tião Miranda vai somando empréstimos bancários e endividando a Prefeitura, as queixas só crescem por todos os cantos da cidade, principalmente relacionadas à área da saúde. Vereadores, líderes comunitários e até mesmo pessoas comuns, cobram a instalação de um hospital ou UPA no núcleo Cidade Nova, já que o Hospital Municipal não consegue atender a demanda de Marabá e região.
Parte dos vereadores da Câmara Municipal de Marabá tem mostrado preocupação sobre o endividamento do município e a canalização unilateral desses recursos. Um deles é Márcio do São Félix, que defende investimentos públicos em outras áreas, inclusive por meio de parcerias com outras instituições.
Ele sugere, por exemplo, a municipalização do Hospital de Morada Nova, que poderia desafogar o Hospital Municipal de Marabá, com mais 30 leitos e um centro cirúrgico novos.
“O governo municipal já realizou empréstimos milionários e acredito que a Câmara deveria dialogar com o prefeito para alocar pelo menos R$ 20 milhões para investir no sistema de saúde, incluindo a construção de um edifício para leitos, seja em Morada Nova ou em outra localidade estratégica da cidade”.
Na área de educação, as cobranças de educadores também são gigantes em relação ao prefeito Tião Miranda. Na última semana, quando o Sintepp (Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do Pará) completou 40 anos, a direção da entidade afirmou que o encerramento do governo de Tião Miranda está empilhando muitos problemas para a categoria. “Temos mais de 10 mil servidores sem reajuste de salários, temos o piso dos professores defasado, com cerca de 2 mil reais, fora o retroativo. Esse governo vem deixando dívida. Temos mais de R$ 170 milhões, em um volume de ação na justiça”, declarou a coordenadora local do Sintepp, Joyce Rebelo.
Com essa dívida com os educadores, Tião deve deixar um rombo que beira R$ 300 milhões.
O projeto do novo empréstimo de R$ 40 milhões chegou à Câmara Municipal na última semana e deve ser votado – aprovado ou rejeitado – ainda esta semana, no máximo na quarta-feira, 13, quando deve ser realizada a última sessão ordinária do ano de 2023.
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